segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Vida à Tinta

Bom esse é um texto que eu escrevi hoje à tarde.
Então, comentem.

Vida à tinta

Acordou com um sorriso triste no rosto, sabendo que fora apenas um sonho. Ao seu redor inúmeras sombras se elevavam, uma quantidade mínima de luz passa por uma pequena fresta da janela, mas ele não se incomoda. Aos poucos seus olhos vão se acostumando com a escuridão e ele distingue as formas que o rodeiam. Pilhas de livros e algumas roupas espalhadas pelo chão.
O mostrador do relógio marca sete horas…ele tenta dormir mais, mas não consegue, fica se revirando bagunçando toda a cama. Porque não pode dormir mais um pouco? Porque se acostumou a acordar tão cedo mesmo quando sua mente esta tão cansada?
Sua cabeça trabalhava a mil, espantando o restante do sono que lhe restara. Tão jovem e já tão acostumado à essa vida sem emoção, essa vida repetitiva. Ele vai até o seu laptop sobre a mesa e liga-o, entra na internet e vai checar o seu email. Nada, só algumas promoções de um site que ele nem lembra de se ter cadastrado. Entra no msn e não vê ninguém online, só uma tia chata que parece nunca sair da frente do computador. Claro…quem mais estaria acordado às sete e meia da manhã procurando o que fazer? Ninguém.
Ele liga o som no computador e fica escutando um albúm de uma banda que acabou antes mesmo dele nascer. A música estava alta, logo ele escuta alguém gritar algo sobre maluco e sete horas da manhã. Ele abaixou um pouco o volume e voltou a deitar-se na sua cama. Seu pé acompanhava o tempo da música, e sua mente vagava no invisível. Mas não durou muito tempo, rapidamente ele voltou àquele mundo tumultuado e cheio de incertezas ao qual pertencia.
Quando a quarta música terminou, ele saiu do quarto e foi até a apertada sala, pegou uma fatia fria de pizza de dentro de uma caixa que estava sobre o sofá. Sem graça, sem gosto. Ou melhor, gosto de rotina…
Quando volta para o quarto a quinta música ainda estava tocando, abre as janelas e deixa a luz entrar, vai até a escrivaninha e pega uma resma de folhar de papel ainda em branco. Ele testou cerca de seis canetas antes de encontrar uma que funcionasse.
Ele sempre gostou do branco das folhas, era convidativo, ele gostava de preencher aquele vazio tão elegante. As vezes ele imaginava que a sua vida era como uma folha em branco e que podia preenche-lá da maneira que quisesse…doce ilusão. Aos vinte e cinco anos e achava que era maduro. Certo que não, não enquanto continuasse com esses pensamentos infantis.
A vida certamente é uma folha em branco, mas ela começa a ser pintada no exato momento em que nascemos. O problema é que até uma certa idade não mandamos na nossa vida, então outras pessoas decidem o que queremos da nossa vida então elas escrevem em nossa folha. Quando ficamos maiores e começamos a achar que somos donos do nosso destino a folha fica repleta de idéias e sonhos mas que na maior parte das vezes nunca chegam a sair do papel,  a folha começa a ficar amarelada por causa do tempo, algumas manchas causadas por pessoas pouco cuidadosas insistem em não desaparecer e ficam pra sempre, gravadas em nossas vidas. Algumas não fazem por mal, mero descuido, enquanto outras deliciam-se em pisar e deixar marcas das suas solas para que todos possam ver.
Com aquela folha nas mãos ele se sentia livre, ali ele criava um mundo só seu, onde ele sabia o que ia acontecer, um mundo que era feito de letras, preto no branco, mas que conforme ele escrevia ganhava cores e formas que seriam únicas para cada um que as lesse. Como era belo, aquele mundo preto e branco e ao mesmo tempo tão cheio de vida, um mundo criado pela sua imaginação, mas então ele pensou em uma coisa que o levou a refletir…
Será que ele tinha o direito de criar personagens? Não estaria ele assim preenchendo a vida de uma pessoa? Ele estaria manchando a vida dos personagens, que não teriam como se defender. Pior, ele estava tentando criar um mundo diferente, e para isso teria que controlar a vida de inúmeros personagens.
Revoltado com a idéia amassou as folhas de papel já preenchidas e jogou-as fora. Foi até a cama e deitou-se, entrando novamente no seu mundo de incertezas. E o computador cantava…


Espero que gostem...
Comentem. :D

3 comentários:

  1. Fico muito maneiro, serio mesmo.
    parabéns

    ResponderExcluir
  2. Bem se você ainda não é sucesso, precisamos fazer as pessoas abrirem os olhos, porque esse texto ficou incrível, sinto que seras descoberto em breve, e desejo todo sucesso do mundo, afinal você merece. Quando começou a escrever?
    Lembre-se de mim, pois já sou sua fã antes mesmo de você virar celebridade.

    Meus Parabéns....beijokas elis!!!!!

    ResponderExcluir
  3. É, lendo isso eu até posso pensar na possibilidade do livro do kasp ficar melhor do que imaginei.
    parabéns. E continue.

    ResponderExcluir