"O que é felicidade?", foi essa a pergunta que a professora fez aos alunos naquela tarde. Era só mais um exercício sem graça onde as crianças tinham que escrever as suas opiniões sobre o assunto.
Enquanto as crianças faziam o exercício, ela pensava no cara que a tinha dispensado na semana anterior...já estava com quase quarenta anos e não era casada, não conseguia encontrar alguém que a fizesse feliz, sua carreira não era das melhores, sonhava em ser escritora, mas há muito havia abandonado esse sonho e agora dava aulas de português...não que fosse uma coisa ruim...só não era o que queria de verdade.
Estava distraída quando percebeu um dos alunos ao seu lado.
- O que foi querido? Já acabou? - perguntou ela.
- Não professora, é que eu não sei direito o que escrever...
- Poxa, mas com um tema fácil como esse e não sabe?
- É...me ajuda? O que é felicidade pra você professora?
A mulher abriu a boca para responder, mas percebeu que não tinha uma resposta pronta...nesse momento, reparou que quase todos os alunos estavam olhando, esperando a sua resposta.
- Para mim... - começou ela - felicidade é conseguir realizar os nossos sonhos. - As crianças pareceram meio desapontadas com a sua resposta, e ela própria sabia que fora uma resposta vazia, evasiva, mais preocupada em mostrar algo aos alunos do que à responder verdadeiramente a questão.
Quando todos haviam terminado e o sinal havia tocado, ela permaneceu na sala de aula, lendo os pequenos textos produzidos pelos seus alunos. E foi lendo que ela percebeu o quanto a maturidade deturpa a visão do ser humano. As crianças são muito simples, e sabem exatamente o que as faz feliz, enquanto os adultos tendem a complicar as coisas, e procuram um sentido maior onde simplesmente não há o que procurar.
Quase aos quarenta, seus alunos a fizeram perceber, que a felicidade não é um estado que se alcança, é um momento que se vive. Quando crescemos, tentamos correr atrás da felicidade, procurando uma maneira de ser feliz, e não vivemos os momentos felizes. Esquecemos que a felicidade está em viver os momentos mais simples.
E quando ela percebeu tudo isso...chorou.
E pra você? O que é felicidade?
Caverna do Eremita
Sejam bem vindos à caverna do Eremita. Aqui eu vou falar um pouco de tudo que eu gosto; livros, filmes, seriados, fotos, jogos e várias outras coisas que entrarão nessa lista. Espero que gostem do Blog e que voltem sempre.
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Felicidade
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Textos
domingo, 11 de novembro de 2012
"Crônicas Saxônicas"
Mais um livro de Bernard Cornwell que vem para o meu blog, e mais uma vez, o autor me surpreende. Para ser sincero, quando li a resenha do livro não me interessei muito, e mesmo sendo de um dos meus autores favoritos esperei um tempo para lê-lo. Não me interessei porque nunca havia ouvido falar do Rei Alfredo, o homem que começou a unificação da Inglaterra, mas tenho que afirmar, que conforme fui lendo me interessei cada vez mais pela história.
Nessa coleção, até agora composta por por seis livros, Bernard Cornwell conta a história de Uthred, um saxão que herdaria terras e a fortaleza de Bebbanburg na Nortúmbria, mas o destino é inexorável, e as terras da Nortúmbria foram atacadas pelos dinamarqueses, que mataram seu pai e o tomaram como cativo.
Uthred é criado pelos guerreiros dinamarqueses, e descobre que seu tio usurpou o seu título de earl (Lord), governa a Bebbanburg e o quer morto, mas esse não é o maior de seus problemas.
Bernard deixa clara que há uma guerra, que se dá por dois lados, por um há o confronto direto entre dinamarqueses e saxões, mas do outro, está uma batalha muito mai difícil de se travar, uma luta ideológica entre os pagãos, que cultuam os antigos deuses nórdicos, e os cristãos que crescem espantosamente por toda a Europa.
No sul, Alfredo surge como um príncipe devoto ao cristianismo, e proposto à expulsar todos os inimigos pagãos de todas as terras saxãs. Por obras do destino, Uthred se vê servindo a esse homem, e mesmo que os dois se odeiem, alianças são necessárias para que os objetivos dos dois se concretizem.
O rei cristão e o guerreiro pagão, quem desses dois homens irá conseguir alcançar seus objetivos? O que essa aliança tão incomum traz de bom para os dois lados? Será que a disputa ideológica entre as religiões irá sobrepujar a guerra travada nos campos de batalha? Se quiser saber, vai ter que ler!
Bom, comentários à parte só para terem uma ideia do quão bom é o livro, eu comecei a ler o primeiro livro na segunda feira, e terminei na quinta, na sexta de manhã eu comecei o segundo e terminei no mesmo dia. Ontem a noite comecei o terceiro e já estou quase na metade...bom tirem suas conclusões.
Nessa coleção, até agora composta por por seis livros, Bernard Cornwell conta a história de Uthred, um saxão que herdaria terras e a fortaleza de Bebbanburg na Nortúmbria, mas o destino é inexorável, e as terras da Nortúmbria foram atacadas pelos dinamarqueses, que mataram seu pai e o tomaram como cativo.
Uthred é criado pelos guerreiros dinamarqueses, e descobre que seu tio usurpou o seu título de earl (Lord), governa a Bebbanburg e o quer morto, mas esse não é o maior de seus problemas.
Bernard deixa clara que há uma guerra, que se dá por dois lados, por um há o confronto direto entre dinamarqueses e saxões, mas do outro, está uma batalha muito mai difícil de se travar, uma luta ideológica entre os pagãos, que cultuam os antigos deuses nórdicos, e os cristãos que crescem espantosamente por toda a Europa.
No sul, Alfredo surge como um príncipe devoto ao cristianismo, e proposto à expulsar todos os inimigos pagãos de todas as terras saxãs. Por obras do destino, Uthred se vê servindo a esse homem, e mesmo que os dois se odeiem, alianças são necessárias para que os objetivos dos dois se concretizem.
O rei cristão e o guerreiro pagão, quem desses dois homens irá conseguir alcançar seus objetivos? O que essa aliança tão incomum traz de bom para os dois lados? Será que a disputa ideológica entre as religiões irá sobrepujar a guerra travada nos campos de batalha? Se quiser saber, vai ter que ler!
Bom, comentários à parte só para terem uma ideia do quão bom é o livro, eu comecei a ler o primeiro livro na segunda feira, e terminei na quinta, na sexta de manhã eu comecei o segundo e terminei no mesmo dia. Ontem a noite comecei o terceiro e já estou quase na metade...bom tirem suas conclusões.
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Livros
"O Imperador"
Bom, primeiramente gostaria de pedir desculpas pela minha ausência no blog, mas é que realmente não tenho tido muito tempo para escrever, mas vamos ao que importa.
Durante os últimos meses estive lendo a coleção "O Imperador" de Conn Iggulden, e só posso dizer que mais uma vez fiquei muito satisfeito com o que li. A série é composta por quatro livros, "Os Portões de Roma", "A Morte dos Reis", "Campo de Espadas" e "Os Deuses da Guerra".
O autor narra a história de Júlio César, um dos maiores nomes da história antiga, desde a sua infância, passando por suas grandes conquistas, até a sua morte.
A narrativa de Conn Iggulden em seu primeiro romance histórico, mostra o potencial escondido em sua escrita, desde as primeiras páginas, o autor nos prende ao livro, nos aproximando dos personagens, e trazendo o ambiente de uma Roma hostil à nossa imaginação.
Roma, lar de grandes imperadores, generais e comerciantes, é também palco central da política, corrupção, disputas por poder e da ambição de homens poderosos, e mais do que isso, agora também é lar de Caio Júlio César.
A história começa a se desenvolver na infância de Caio (nome de Júlio na infância), onde o garoto vivia com sua família e com o seu melhor amigo Marco. Após alguns incidentes, Caio vai morar com seu tio Mário, um grande general romano, que ambiciona tornar-se cônsul de Roma, e assim, começa a vida política de Júlio César. Expulso de Roma pelo ditador Sila, o garoto torna-se um homem, com uma habilidade sem igual de persuasão e oratória, um exímio guerreiro com ótimas percepções de guerra, capaz de transformar meros pescadores em soldados e comandar legiões. Seu amigo Marco (agora Brutus), torna-se o melhor guerreiro de toda a Roma, e braço direito de Júlio.
Grande conquistador, Júlio se inspirava em Alexandre o Grande, e durante a sua vida, pacificou a Espanha, conquistou a Gália, derrotou inúmeros generais inimigos, suplantou revoltas em todo o território romano e tentou formar um império unificado com o Egito.
Por trás do senado, seu nome era sussurrado com respeito, com medo, e o povo o aclamava, mas os jogos políticos não são fáceis, e para isso Júlio mergulha com afinco nesse jogo, formando alianças inimagináveis, capazes de liquidar qualquer adversário do senado, mas com o poder...vem a ambição, e Roma não perdoa os homens ambiciosos.
Todos os livros são ótimos, e eu indico a qualquer um que queira entender um pouco mais sobre a história desse general incrível que leia, porque mesmo sendo um livro de ficção, Conn nos apresenta no final de cada livro, notas históricas, que explicam o que na história é real, e o que é ficção, deixando claro que não é apenas um livro escrito a partir de ideias, mas sim de muito tempo de pesquisa sobre o assunto.
Durante os últimos meses estive lendo a coleção "O Imperador" de Conn Iggulden, e só posso dizer que mais uma vez fiquei muito satisfeito com o que li. A série é composta por quatro livros, "Os Portões de Roma", "A Morte dos Reis", "Campo de Espadas" e "Os Deuses da Guerra".
O autor narra a história de Júlio César, um dos maiores nomes da história antiga, desde a sua infância, passando por suas grandes conquistas, até a sua morte.
A narrativa de Conn Iggulden em seu primeiro romance histórico, mostra o potencial escondido em sua escrita, desde as primeiras páginas, o autor nos prende ao livro, nos aproximando dos personagens, e trazendo o ambiente de uma Roma hostil à nossa imaginação.
Roma, lar de grandes imperadores, generais e comerciantes, é também palco central da política, corrupção, disputas por poder e da ambição de homens poderosos, e mais do que isso, agora também é lar de Caio Júlio César.
A história começa a se desenvolver na infância de Caio (nome de Júlio na infância), onde o garoto vivia com sua família e com o seu melhor amigo Marco. Após alguns incidentes, Caio vai morar com seu tio Mário, um grande general romano, que ambiciona tornar-se cônsul de Roma, e assim, começa a vida política de Júlio César. Expulso de Roma pelo ditador Sila, o garoto torna-se um homem, com uma habilidade sem igual de persuasão e oratória, um exímio guerreiro com ótimas percepções de guerra, capaz de transformar meros pescadores em soldados e comandar legiões. Seu amigo Marco (agora Brutus), torna-se o melhor guerreiro de toda a Roma, e braço direito de Júlio.
Grande conquistador, Júlio se inspirava em Alexandre o Grande, e durante a sua vida, pacificou a Espanha, conquistou a Gália, derrotou inúmeros generais inimigos, suplantou revoltas em todo o território romano e tentou formar um império unificado com o Egito.
Por trás do senado, seu nome era sussurrado com respeito, com medo, e o povo o aclamava, mas os jogos políticos não são fáceis, e para isso Júlio mergulha com afinco nesse jogo, formando alianças inimagináveis, capazes de liquidar qualquer adversário do senado, mas com o poder...vem a ambição, e Roma não perdoa os homens ambiciosos.
Todos os livros são ótimos, e eu indico a qualquer um que queira entender um pouco mais sobre a história desse general incrível que leia, porque mesmo sendo um livro de ficção, Conn nos apresenta no final de cada livro, notas históricas, que explicam o que na história é real, e o que é ficção, deixando claro que não é apenas um livro escrito a partir de ideias, mas sim de muito tempo de pesquisa sobre o assunto.
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Livros
terça-feira, 24 de julho de 2012
Insônia latente
Insônia latente
É incrível como a noite, pura e simplesmente traz à tona os desejos mais profundos e as vezes até inconscientes de uma pessoa. Sempre que nos deitamos sozinhos, no escuro, os sentimentos se arrastam para fora, como formas indistintas, sombras que vagam em busca de algum tipo de luz para iluminá-las, em busca de compreensão.
Às vezes lutamos contra essas sombras, mas não há o que fazer, não têm corpos físicos...são apenas sentimentos, tentando nos estrangular com suas mãos invisíveis enquanto dormimos...logo, ficamos acordados, enfrentando as sombras uma por uma, enquanto esperamos que as primeiras luzes apareçam e as varram para longe.
O problema é que a noite é cruel, ela faz questão de cada segundo de que dispõe, e nos prende nessa luta interminável, até que atingimos um certo nível de cansaço mental, que deixa as sombras tomarem conta da nossa mente...as vezes os sentimentos são tantos, que chegam a transbordar pelos olhos...que acabam por desistir da luta, e adormecem ainda úmidos.
E são nesses momentos, que dispomos das poucas oportunidades de ser o que realmente somos, sem ter que nos esconder do que sentimos ou ter medo do que aconteceria se...mas, o dia acaba por chegar. Afastando as sombras, que afinal não eram tão más, que só queriam nos mostrar que ainda existe esperança, e eram mais quentes que a manhã cinzenta que surge na janela, mas agora é tarde, as sombras voltam para a parte mais profunda dos nossos corpos, e lá permanecem, até voltarmos a deitar, ou...até que eu volte a te encontrar.
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terça-feira, 22 de maio de 2012
Ponto de Vista
Ponto de vista
A garota fica olhando pela janela, enquanto velozes gotículas correm toda a extensão do vidro à sua frente. Deixa as costas de uma das mãos encostar de leve no vidro, e estremece ao sentir o frio morder-lhe a pele. Os raios cruzam os céus em uma batalha violenta contra a terra, castigando-a de tal modo que por inúmeras vezes a noite chega a confundir-se com o dia. O som de um pequeno rádio de pilhas que se encontra perto do parapeito perde-se em meio aos trovões.
Ela deixa a cabeça pender, encostando a testa na janela, e mais uma vez, seu corpo estremece por causa do frio. Nunca teve medo da chuva, nem de trovões, mas aquela não era uma tempestade qualquer, cada raio parecia cair mais perto, e cada trovão ribombava em seus tímpanos com tanta força que ela já escutava um pequeno zumbido contínuo e ligeiramente irritante.
Mesmo dali, ela podia sentir um cheiro suave de comida vindo da cozinha, seu estômago roncou, mas ela não podia fazer nada, tinha que esperar…não podia tirar os olhos da janela.
A chuva continuava, agora a água corria na rua da frente, descendo como rios. Os carros passavam rapidamente e espirravam um misto de água e lama na janela. Ela levou a mão ao vidro mais uma vez, não queria parar de olhar, ela tinha que ter esperança. O frio começava a incomodá-la, sentia-se uma presa fácil parada ali daquela maneira.
O cheiro de comida foi ficando mais forte, e a sua obstinação mais fraca, ela não queria mais esperar. Começou a sentir-se letárgica, o frio pareceu ir diminuindo aos poucos, e um sono muito reconfortante começou a embalar o seu corpo. Quando estava quase dormindo eles chegaram.
Era uma família completa, um casal com um filho, que devia ser um pouco mais novo que ela. Eles não a viram rapidamente como ela esperava, mas sentaram-se à mesa que ela estivera observando dali, do lado de fora. Viu quando eles fizeram uma oração, agradecendo pela comida, ou podia ser um simples delírio causado pelo frio. Tentou mais uma vez limpar o vidro que estava ligeiramente baço por causa da lama, e foi quando os três olharam para ela.
Por um momento, que pareceu uma eternidade os olhares dos quatro se cruzaram, os seus imploravam por piedade, o dos três pediam desculpas.Não, na verdade só os do casal pediam desculpas os olhos do garoto mostravam dúvida, ele não compreendia o que aquela garota mal vestida estava fazendo ali, do lado de fora da sua casa, completamente encharcada e tremendo de frio. Seus olhos iam dos da garota para os dos pais, mas eles estavam calados.
Ele levantou-se correndo com seu prato feito nas mãos, o pai gritou alguma coisa sobre ser inútil, e a mãe abaixou a cabeça.
A garota já não conseguia pensar, pra onde ele tinha ido? Ele estava demorando…deve ter ido comer no quarto, pra não ter que ficar me olhando…
A porta da frente da casa abriu e o garoto veio sozinho, segurava um guarda-chuva colorido e cheio de bonecos entre o pescoço e o ombro, o seu prato de comida e um cobertor com os mesmos bonecos do guarda-chuva.
- Toma, é pra você. – disse numa vozinha fraca, que mal se fez ouvir entre os trovões.
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